Ações individuais multiplicam transformações positivas

7 de junho de 2013

O ambiente inteiro comporta a natureza e o homem que age sobre. A questão ambiental se amplia na realidade da condição humana e nos processos que são desencadeados na relação do homem com os seus semelhantes e com o nosso planeta. Nesta Semana do Meio Ambiente queremos destacar ações individuais que, positivamente, fazem grande diferença nos lugares em que vivem e atuam.

‘Sucata tecnológica’ vira arte

Armando Oliveira, 50 anos, teve, há três anos, a brilhante ideia de transformar “sucata tecnológica” – peças velhas de computadores e eletroeletrônicos, modelos de câmeras fotográficas antigas, metal e plástico – em arte. Hoje, o artista de Fortaleza (CE) cria caranguejos, aranhas, besouros, pássaros, motocicletas e robôs utilizando esse tipo de material e muita criatividade.

“Eu trabalho com manutenção de computadores e comecei a juntar muitas peças em casa. Depois de muito tempo vi que elas tinham utilidade e há três anos faço esse tipo de arte”, explicou Armando Oliveira.

Ele afirmou ainda que, diante do resultado das peças criadas, passou a comprar materiais inutilizados de outras empresas que trabalham com computadores para ampliar a sua coleção. E o hobby acabou virando negócio: Armando já vende as suas obras na praia ou pela internet, que tem sido o meio ‘mais rentável’ de acordo com o artista. Ele publica fotos em seu blog pessoal para divulgar as peças exclusivas e as vende em um site de comércio eletrônico.

Além de constituírem uma fonte de renda, as criações são, para Armando, uma forma de reciclar materiais que ficariam inutilizados por muitos anos. O artista conta que, em suas mãos, a sucata tecnológica é 100% reaproveitada. Até mesmo equipamentos grandes, como máquinas fotocopiadoras e computadores antigos são reaproveitadas por ele.

 

Projeto Meninas de Dora

“Tenho formado centenas de empreendedores que também são multiplicadores e ajudam outras pessoas a gerar renda e ter outras perspectivas de vida”.
Dora Alves

Dora Alves vive em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu trabalho e sua arte de trançar cabelos vem promovendo a profissionalização na área da beleza, mas a sua ação verdadeira está no resgate da autoestima, especialmente das meninas e meninos negros. Ela vem demonstrando e ensinando que é possível reconstruir a vida mesmo diante do preconceito e de grandes adversidades. “Grande parte dos afrodescendentes assimila o padrão de beleza europeu que está na mídia e não se aceita como é. Todos são belos e o cabelo do padrão negro é muito versátil, seja ele anelado, trançado em Black Power, Dread Lock, etc.”.

A ação individual iniciada em casa, hoje transformada em Projeto Meninas de Dora, cresceu, se multiplicou e ganhou reconhecimento nacional e internacional. O trabalho de resgate social e de identidade cultural desenvolvido por ela já foi tema de monografias e teses na área de educação em universidades renomadas como USP, UFMG e PUC. Em 2010, ela foi entrevistada pelo Professor Henry Louis Gates, da Universidade de Harvard, cujo tema girou em torno de políticas raciais e a matéria foi exibida nos Estados Unidos. A repercussão positiva do seu trabalho já rendeu a Dora inúmeros prêmios, entre eles o Valores Femininos (2002); Bom Exemplo e Prêmio Zumbi de Cultura, em 2010; o Troféu Reggae Favela e Cidadã do Mundo, em 2011; e Mineira de Ouro, em 2012.

Atualmente, além de cuidar pessoalmente do Projeto, Dora faz palestras em escolas, faculdades, albergues, casas de menores infratores, sempre com o objetivo de despertar na comunidade afrodescendente a descoberta e aceitação da sua descendência e beleza.

Para manter o Projeto e dar continuidade à sua arte de trançar cabelos, Dora se desdobra no trabalho em dois salões que ficam na av. Amazonas, 1049 – loja 59 – 2° andar, Centro – tel. 31 3224-4163; e na Av. Augusto de Lima, 655 – Loja 9 – Centro – tel. 31 2526-9452, ambos em Belo Horizonte (MG). Se você deseja conhecer o Projeto Meninas de Dora, venha conhecer os salões e saiba como apoiar e colaborar com este projeto.

“Mudas, jardim e pomar. É sua. Pode levar.” 

Ernani Façanha di Latella, 84 anos, advogado aposentado, morador do Bairro Anchieta, Região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG) é um exemplo de gentileza urbana e de resistência à especulação imobiliária. Ele defende o seu espaço de casa e quintal, construídos com o próprio suor nos anos 1960. “Daqui, só saio morto. Para o céu ou para o outro lugar. Quem vai saber?”, diz bem-humorado.

Seu Ernani afirma que a pressão é grande e a sua casa já está sufocada por edifícios no quarteirão da Rua Grajaú. “Chegaram a comprar a casa ao lado, mas precisavam da minha para o tamanho do prédio que pretendiam levantar. Não vendi. Não vendo. Então, eles tiveram que passar o imóvel”, conta, orgulhoso da sua vitória contra a transformação radical pela qual o bairro vem passando nos últimos anos. Mas não é exatamente por sua brava resistência que esse descendente de italianos é famoso no bairro Anchieta. Sua fama vem da sua ação original de distribuir, de graça, mudas de árvores e flores.

Em uma placa improvisada, que fica à vista dos passantes, ele convida: “Mudas, jardim e pomar. É sua. Pode levar.” Desde 2010, Seu Ernani cultiva mudas para doação. Ele passa as tardes trabalhando em pequenos vasos recortados, feitos de caixas vazias, potes de margarina e garrafas de plástico, para, na manhã seguinte, deixá-los sobre o muro que divide o lote com a rua. “O pessoal pega. E quando não tem, eles tocam a campainha e pedem. Vem gente até de outras regiões da cidade. Já estão ficando acostumados”, conta, feliz com resultado da sua boa ação.

Dono de um pedacinho do mundo, o jardineiro-cidadão discorre com consciência sobre a importância da preservação da natureza. Mostra-se indignado com a devastação das matas: “Estão acabando com o planeta. O desmatamento na Amazônia é uma vergonha. E por que não tomam providências? Porque há muita gente se beneficiando disso. É uma roubalheira sem fim neste país. É corrupção para todos os lados”.

Se você quer ganhar uma muda ou conhecer o muro do Sr. Ernani, passe pela Rua Grajaú, em frente ao número 328. Nem precisa perguntar onde é a casa dele, o muro se destaca na rua cheia de prédios e a ação gentil e generosa desse “jardineiro” espalha seu perfume e contagia muitos dos que ainda apreciam plantar em vez de cortar e ainda acreditam na generosidade e na delicadeza como formas de melhorar a convivência entre as pessoas.

Fonte: 

http://vejabh.abril.com.br/edicoes/belo-horizontino-nota-dez-741611.shtml

PARA ESTA SEMANA DO MEIO AMBIENTE E DAQUI PRA FRENTE DESEJAMOS QUE CADA UM DE NÓS POSSA
REPENSAR REDUZIR REAPROVEITAR RECICLAR AGIR TRANSFORMAR

“Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixe amarrar os seus sapatos” 
(Paralamas do Sucesso)