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2 de maio de 2014

 

 

Existe transporte ideal? 

As cidades têm buscado alternativas para a crescente demanda de transporte público de qualidade. Os onipresentes carros e ônibus não conseguem mais atender à população de maneira satisfatória. Outrora considerado ideal, o metrô deixa de ser a solução única para os anseios da sociedade nas metrópoles. Nesse contexto, meios diferentes ganham espaço nas mentes de engenheiros e começam a deixar as pranchetas para tentar atingir o objetivo final de mobilidade urbana: o transporte ideal.

Mesmo que eventualmente as grandes cidades parem de crescer, a necessidade de deslocamento eficaz será ainda maior no futuro. Afinal, quanto mais uma sociedade se desenvolve, mais ela precisa de melhores meios de transporte. Quando a cidade avança, aumenta também a carência de soluções para o deslocamento interno. E são exatamente as cidades mais desenvolvidas que exigem mais mobilidade.

O portal Terra, em uma matéria especial, apresenta algumas opções de transportes alternativos que estão em execução ou em fase final de testes no Brasil.

Por que o transporte ferroviário não deu certo no Brasil? 

A Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), foi criada em 1957, unificando as 42 ferrovias existentes no Brasil e criando um sistema regional composto por 18 estradas de ferro.

No governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) a construção de ferrovias foi desacelerada, dando ênfase à construção de rodovias e estimulando o crescimento da indústria automobilística. O Plano de Metas do governo JK contemplava a implantação da indústria automobilística, com interesses também no desenvolvimento da indústria petrolífera e nos derivados de petróleo. A política que se seguiu nos governos militares não foi diferente, inclusive desativando estradas de ferro, ao invés de expandi-las. A redução drástica dos investimentos nesse setor levou ao seu sucateamento, resultando na diminuição da nossa rede ferroviária: na época contava com 37.000 km de trilhos e, atualmente, possui cerca de 29.000 km.

A malha ferroviária brasileira é obsoleta. Os serviços de passageiros praticamente acabaram, dando lugar aos transportes de carga, que trafegam principalmente minérios, produtos agrícolas, toras de madeira, combustíveis, etc. A única linha de passageiros que ainda oferece diariamente o trajeto de longa distância é a que liga Belo Horizonte (MG) a Vitória (ES).

Transporte ecológico e social
O transporte ferroviário é um dos mais ecológicos que existem. Além de transportar o maior número possível de carga e pessoas, a construção das estradas de ferro causa menos danos ao meio ambiente que a construção de rodovias. Mesmo que as locomotivas sejam movidas a diesel, poluem menos se comparadas à quantidade de veículos que trafegam diariamente por rodovias. Transportando cargas ou pessoas, o trem é um transporte seguro, confortável e possui custo menor por quilômetro transportado.

Fontes: Artigo / Educação UOL

Situação do metrô no Brasil 

Apenas cinco cidades do Brasil têm metrô. O de São Paulo, o mais lotado do mundo, tem três vezes mais usuários que as outras quatro cidades somadas: Rio, Recife, Belo Horizonte e Brasília. Só na estação da Sé, passam 800 mil pessoas por dia, mais do que todo o tráfego no metrô carioca. São Paulo é campeã em extensão, mas perde de metrópoles estrangeiras. Buenos Aires, com três vezes menos habitantes que a capital paulista, tem mais estações. E a Cidade do México tem quase três vezes mais quilômetros de linhas.
Para ampliar, clique na imagem.

Proporcionalmente, a cidade com mais metrô no país é Recife. Porém, mais não quer dizer melhor. Segundo Mauricio Pina, engenheiro da UFPE, as linhas não atendem as principais áreas da cidade. Recife tem o metrô mais demorado do país, com esperas de até 12 minutos.

METRÔ 
Capacidade: até 83 mil passageiros por hora
Funcionamento: motor elétrico que recebe energia transportada pelos trilhos
Velocidade: até 100 mil km/h, com média de 87 km/h.
Custo (em dólares): de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões por quilômetro
Vantagens e desvantagens: possui a maior capacidade de transporte, mas tem alto custo de construção e difícil implementação em cidades já constituídas.
Veja mais infográficos comparativos aqui

Transporte público gratuito é possível? 

Protestos varreram várias das principais cidades do Brasil durante todo o mês de junho de 2013. A principal bandeira levantada pela multidão foi a queda nas tarifas de ônibus, que haviam subido em muitas capitais. Mas, segundo os organizadores dos protestos, o objetivo final era instaurar o passe livre — tornar gratuitos todos os meios de transportes públicos. Apesar do sucesso em reduzir a tarifa, quais são as chances reais de implantar a tarifa zero em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que transportam milhões de passageiros por dia? 

Pensar o transporte como serviço público essencial
O transporte coletivo é visto como um grande mercado, uma fonte de poder econômico e político. Acontece que na sociedade existe a luta de classes, que nessa contradição há interesses opostos, e que toda exploração tem seu grau de limite. O dos transportes públicos chegou.

A solução depende de uma combinação bem sucedida de fatores: mobilização popular, concepção estratégica de um modelo de sistema de transportes e direção/determinação política em aplicá-lo. Do ponto de vista da mobilização popular, há uma expectativa bastante positiva. Do ponto de vista do modelo, cabe fazer a ampla discussão na sociedade. O transporte coletivo deve ser retirado das mãos da iniciativa privada para ser gerido pelo poder público, municipalizado, voltado para os interesses da coletividade e pautado numa outra forma de financiamento.

Saiba mais sobre o movimento Tarifa Zero aqui e veja as cidades que adotaram o passe livre aqui.

Uma cidade só existe para quem pode se movimentar por ela.