O Brasil pede água

6 de novembro de 2014

A crise de água em São Paulo alertou todo o Brasil para a importante questão da preservação dos nossos recursos naturais, que já vem sendo discutida há algum tempo, mas que ainda precisa ser levada a sério por muitos brasileiros.

As chuvas abundantes da estação ainda não vieram e o desperdício continua alto. Por isso, São Paulo e várias cidades vizinhas, que formam a maior região metropolitana do País, entram na mais grave crise de falta d’água da história.

Entenda a crise em SP 
A crise em São Paulo é, em parte, consequência da falta de água nas cabeceiras de rios que abastecem o Sistema Cantareira. Trata-se de um conjunto de represas responsável por abastecer 9 milhões de habitantes na Grande São Paulo. Todo esse sistema depende das chuvas do verão. Em anos normais, nos meses secos e frios, de junho a agosto, a precipitação é de menos de 150 milímetros. Isso é, normalmente, compensado no primeiro trimestre, que soma cerca de 600 milímetros. Desde o ano passado, as chuvas não vêm no volume esperado. “A maioria dos meses de 2013 já havia registrado níveis de pluviosidade abaixo da média dos últimos 30 anos”, diz o meteorologista Marcelo Shneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “A situação ficou pior a partir de outubro e novembro. Foi um clima anômalo em todo o Sudeste, não apenas na Cantareira.” Nos três primeiros meses de 2014, em vez dos esperados 600 milímetros, caíram menos de 300 milímetros.

O governo estadual põe a culpa na falta de chuva, mas ela não explica a história sozinha. A estiagem deste ano apenas tornou evidente quanto o sistema é frágil e quão escassa a água é, mesmo num país tropical. O governo de São Paulo deve concluir as obras para captar água do volume morto do Sistema Cantareira, que abastece metade da capital paulista. Mesmo com as obras, a situação é crítica.


Fonte: Revista Época

Como São Paulo chegou a essa situação?
Para entender melhor as proporções dessa crise, veja aqui a entrevista com o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, realizada pelo Blog do Planeta, da revista Época. Braga é professor da USP e profundo conhecedor do tema – ele trabalhou na Secretaria de Recursos Hídricos de São Paulo e na Agência Nacional das Águas (ANA). Questionado sobre a possibilidade de racionamento, Braga explica que o rodízio – termo usado pelos técnicos para o ato de desligar a água de setores da cidade por algum tempo – não é uma medida apropriada, pelo risco de contaminação. E defende a redução do consumo por meio de multa. “Isso é racionar usando um instrumento econômico”.

Nascente do Rio São Francisco seca em MG
A nascente do Rio São Francisco, que está localizada dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, está seca. Segundo o chefe do Parque, diretor Luiz Arthur Castanheira, o evento é inédito e o motivo para isso foi a sucessão de secas que atingem a região há pelo menos três anos.

“A falta de chuvas é um fenômeno natural que ocorre sempre, diminuindo a quantidade de água no rio. Mas a seca está muito forte este ano. É a primeira vez que as nascentes altas do São Francisco estão secas. O pessoal do parque aqui disse que nunca viu nada igual a isso”, afirmou.

Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, a bacia do rio corta seis Estados -Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás – e uma pequena parte do Distrito Federal, chegando a 504 municípios. O Rio é a única alternativa de água para milhares de pessoas que vivem no semiárido desses estados. E agora? Como ficam nossas nascentes? Como ficam todas essas pessoas que dependem das águas do Rio São Francisco?

O que podemos fazer para economizar água? 

Em tempos de crise de água, toda economia é bem-vinda. É importante saber o quanto é gasto em tarefas diárias para conseguir reduzir o consumo. A Sabesp disponibiliza um simulador de consumo no qual o cidadão pode calcular o consumo de água em diferentes equipamentos da residência. Clique aqui e calcule os seus gastos.

Além de todas as atitudes já conhecidas que podemos adotar diariamente para economizar água, como reduzir o tempo nos banhos e não utilizar mangueira para lavar as calçadas, há outras opções mais criativas para evitar o desperdício. Confira aqui.

Mais algumas dicas:
– Cheque vazamentos em canos e não deixe torneiras pingando. Um gotejamento simples, pode gastar cerca de 45 litros de água por dia.
– Deixe pratos e talheres de molho antes de lavá-los.
– Aproveite a água da chuva para aguar as plantas e o jardim. As plantas absorvem mais água em horários quentes, então molhe-as de manhã cedo ou no fim do dia.
– Feche a torneira quando estiver escovando os dentes ou fazendo a barba. Só abra quando for usar. Uma torneira aberta por 5 minutos desperdiça 80 litros de água.
– Em vez da mangueira, use vassoura e balde para lavar pátios e quintais. Uma mangueira aberta por 30 minutos libera cerca de 560 litros de água.
– Reaproveite a água da sua máquina de lavar para lavar a calçada.
– Saber ler o hidrômetro é muito simples e pode ajudar a detectar problemas como vazamentos, percebidos pelo consumo fora do normal.
– Não tome banhos demorados, 5 minutos são suficientes. Uma ducha durante 15 minutos consome 135 litros de água.
– Antes de lavar pratos e panelas, limpe os restos de comida com uma escova ou esponja e jogue no lixo.

Cisterna Já!

Essa é uma iniciativa independente, que surgiu em São Paulo e pretende promover o reaproveitamento da água da chuva. O grupo é composto por pessoas ligadas à permacultura e desde de agosto vem buscando soluções para a questão. Confira o site oficial do projeto e aprenda, em simples passos e gastando muito pouco, a fazer um cisterna para sua própria casa.

E lembre-se: