Vi na Vina: 5 anos!

1 de dezembro de 2015

A sede da Vina está inserida em uma região do Cerrado mineiro, ocupando uma área de quase 12 mil m². Há mais de sete anos a Vina vem trabalhando para preservar, recuperar e manter uma área significativa do seu ambiente natural, que já passou por muitas etapas e já enfrentou vários tipos de agressões.

Para comemorar os 5 anos de existência deste blog, queremos que vocês conheçam um pouco da história de resistência da nossa área de preservação do Cerrado.

VINA + CERRADO 
A pródiga capacidade de recuperação da natureza 

O bioma Cerrado cobre aproximadamente 22% do território nacional, figurando como segundo maior bioma brasileiro. A fauna e flora do Cerrado são extremamente ricas, e a sua vegetação nativa, em graus variados de conservação, ainda cobre 60,42% do bioma no Brasil.

Os ambientes do Cerrado variam significativamente no sentido horizontal, sendo que áreas campestres, florestais e brejosas podem existir em uma mesma região. Essa enorme biodiversidade qualifica o Cerrado como a savana mais rica do mundo.


Visão da copa das árvores da área de preservação da Vina.

Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social.
São inúmeras as populações humanas que tiram dele a sobrevivência e conhecem
parte de sua inestimada variedade. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são
regularmente consumidos pelas populações locais e também são vendidos nos
centros urbanos, tais como: Pequi (Caryocar
brasiliense
), Buriti (Mauritia
flexuosa
), Mangaba (Hancornia speciosa),
Cagaita (Eugenia dysenterica),
Bacupari (Salacia crassifolia),
Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile),
Araticum (Annona crassifolia) e as
sementes do Barú (Dipteryx alata).

Em Minas Gerais não é diferente, cerca de 60% da área do estado pertencem
ao bioma do Cerrado, sendo o estado brasileiro que tem o maior número de
municípios incluídos nele. Mas, desse total, apenas 8,1% estão legalmente protegidos.

Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, o
empobrecimento ecológico do bioma no estado só vem aumentando. Sua paisagem se
transformou com a ocupação intensa do homem pela agricultura e pela pecuária,
entre outras atividades econômicas. As áreas remanescentes do cerrado nativo
representam hoje um percentual mínimo deste ecossistema em Minas.

Embora os avanços de debates sobre a importância da sua conservação e de
movimentos pelo Cerrado sejam perceptíveis, há um longo caminho a percorrer. É
essencial a conscientização de uma grande parcela da população e uma firme
atitude a ser tomada pela implantação de políticas públicas voltadas para a
conservação e o uso sustentável desse bioma.


Guamirim (Myrcia guianense) e Cajuí ou cajuzinho do cerrado (Anacardium humile)

A empresa Vina é uma empresa que atua no setor de gestão de resíduos
sólidos vem, desde 2008, pela ação do seu Departamento Socioambiental, desenvolvendo
um projeto multidisciplinar que visa à conscientização e incorporação dos
valores socioambientais na empresa e na sociedade.

Em 2008 a Vina constituiu um levantamento florístico para catalogação das espécies vegetais e ainda uma caracterização e avaliação do terreno em que construiria a sua nova sede. A equipe de biólogos contratada se surpreendeu com a biodiversidade das espécies encontradas no terreno, especialmente por se tratar de uma área impactada, fragmentada e rodeada por construções. Foram identificadas mais de 60 espécies de plantas em uma área com pouco mais de 12.000 m².


Taxa de permeabilidade exigida: 20%
Taxa de permeabilidade atingida: 39,56% (4.864,6247 m² de área permeável)
Taxa de Permeabilidade é o percentual mínimo de área descoberta e permeável do terreno, em relação à sua área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie alívio para o sistema público de drenagem urbana.

Sete anos após o primeiro levantamento e com sua sede já construída, um novo estudo está em andamento na área de preservação do terreno da Vina. Realizado entre os meses de setembro a dezembro de 2015, ele irá avaliar as variações florísticas e estruturais da área remanescente do Cerrado, medindo a riqueza, a diversidade e a abundância das espécies ali presentes.

Esse levantamento comparativo estuda os quase 40% de área preservada da atual sede da empresa, área que sofreu diversas interferências negativas ao longo Dos últimos sete anos, como podas indevidas, focos de incêndio, falhas na execução de terraplenagens, entre outras. Essas ações causaram sérias perdas para a diversidade no ambiente.

Mas o Cerrado é resistente! Possui resiliência, que é a capacidade de ser submetido o grande estresse e retornar à sua condição inicial. As plantas enraizadas nas regiões de cerrado possuem raízes profundas, o que favorece a rebrota de muitas espécies mesmo depois de uma capina indevida ou de uma terraplanagem mal executada. Essas plantas ainda possuem casca grossa e folhas mais duras, resistentes ao fogo natural. Na área de preservação da Vina, com o passar do tempo e com alguns cuidados, como o cercamento e a proteção das áreas mais
comprometidas, a vegetação vem se recuperando.


Um exemplar de caviúna (Dalbergia miscolobium) crescendo na área de convivência da equipe Vina.

E é diante dessa capacidade de recuperação natural que se justifica tanta diversidade já encontrada no estudo atual. Grupos de plantas, que não haviam sido registrados no estudo passado, constituem espécies-chave na conservação e recuperação do ambiente de Cerrado da Vina, por apresentarem frutos suculentos e dispersos por pássaros, como é o caso da Gabiroba (Campomanesia adamantium) e do Guamirim (Myrcia guianense). Outras espécies importantes como o Bacupari (Salacia crassifolia) e o Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile) também
foram registrados.

    
Bacupari (Salacia crassifolia) e Gabiroba (Campomanesia adamantium)


Um “sabiá do campo” (Mimus saturninus) que nasceu na Vina

É interessante ressaltar a importâncias desses estudos em áreas fragmentadas no meio urbano, já que um dos principais desafios na conservação do Cerrado é demonstrar a importância que a biodiversidade desempenha no funcionamento dos ecossistemas. O conhecimento sobre a biodiversidade e as implicações das alterações no uso da terra são fundamentais para o debate sobre
“desenvolvimento X conservação”.

A Vina está instalada muito próxima ao berço das águas da capital mineira e por isso tem papel fundamental na conservação dessa biodiversidade. Conhecer e preservar esses remanescentes de Cerrado ajuda na manutenção de outras áreas, melhora o microclima da região e a qualidade de vidas das pessoas. Contudo, as ações da Vina vão além disso: sabendo que só o envolvimento coletivo é capaz de garantir a manutenção desse ecossistema, a conscientização da sua equipe, a mobilização da comunidade do seu entorno e a geração de informações fazem parte das ações promovidas permanentemente pela empresa.

Fotos: Sabrina Soares e Joshua Barroso (biólogos na Vina)
Texto: Sabrina Soares
Revisão e edição: Élida Murta