Bacupari: um fruto do Cerrado

11 de abril de 2017

“Durante os meses de fevereiro e março o pé de bacupari (Tontelea micrantha) da Vina produziu vários frutos, e eu aproveitei para apresentá-los para algumas pessoas da nossa equipe. Elas puderam degustar esse fruto que possui um sabor exótico e incomparável, típico sabor dos frutos do Cerrado”.

Sabrina Soares – Bióloga responsável pela área de preservação da Vina

 

NOME INDÍGENA: CAPICURÚ-AÇU

Nome surgido do tupi guarani que significa “erva que dá fruto com casca ou pele enrugada” e o adjetivo açu designa a qualidade de ser grande. Também recebe os nomes de: Bacuparizão do campo, Cascudo e Saputá de moita.

Origem

É nativo dos cerrados e dos campos limpos ou sujos e na transição da mata atlântica para a caatinga, ocorrendo em Rondônia e em todos os estados desde o Pará até São Paulo, norte do Paraná e Mato Grosso do Sul, no Brasil. Aparecendo também nos chacos Boliviano e Paraguaio.  Veja mais informações aqui

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Características

É um arbusto de 30 a 80cm de altura, quando no campo, prostrado (com ramos deitados), com xilopódio (raiz grossa que armazena água); ou uma pequena árvore que no cerradão pode crescer até 3m de altura. Os ramos velhos têm casca corticosa (espessa) e fissurada no sentido longitudinal, e os ramos mais jovens são lenhosos e secos com casca pardacenta ou cinzenta amarelada. As folhas se concentram no ápice dos ramos, são alternas ou subopostas (opostas, mais em nível diferente), medindo 4,5 a 11cm de comprimento por 0,8 a 2,3cm de largura, com base atenuada (se afina gradativamente) ou arredondada, a margem é inteira ou levemente crenulada (com recortes muito pequenos). As flores são hermafroditas e surgem nas axilas das folhas. A corola (invólucro interno) é creme esverdeada, com cinco pétalas de 2mm a 3mm de comprimento, envolvendo três pequenos tubos de 3mm de comprimento. Os frutos são em forma de pera de 3,5cm a 8,5cm de comprimento por 3cm a 5cm de largura, com casca de 4mm a 6 mm de espessura com epiderme (pele) amarelada e rugosa que cheira gasolina quando madura.

Dicas para cultivo

Planta subtropical de crescimento lento, rústica e extremamente adaptável, pois aprecia terras fracas e arenosas e suporta temperaturas mínimas de até menos 4 graus no Paraguai e máximas de até 43 graus nos cerrados do estado de Rondônia, embora não produza frutos todos os anos nessas condições extremas. Para uma boa frutificação a temperatura deve estar entre 8º C a 37ºC  graus, com umidade relativa do ar entre 3%  a 70%. No ambiente natural a espécie ocorre em altitudes que vão de 250m a 700m acima do nível do mar, com índice de chuvas variando de 850mm a 1.900mm anuais. A planta aprecia solos bem drenados e profundos. 

Mudas

É recomendado que seja semeada logo que despolpada, diretamente em saquinhos individuais contendo substrato feito de 40% de areia saibro, 40% de matéria orgânica curtida e 20% de terra vermelha. As sementes germinam em 60 a 150 dias, e as plântulas têm crescimento lento, pois investem mais no sistema radicular; por isso devem ser plantadas com 10 a 15 meses de idade quando terão o tamanho médio de 10cm de altura. Formar as plantas em pleno sol e irrigar dia sim, dia não.

Plantando

Plantar num espaçamento de 3m entre plantas e 4m entre linhas. Após demarcar o local das covas, estas são abertas e meses antes do plantio com dimensões de 50cm de altura, largura e profundidade, e se o chão ou terreno for pobre em areia, deve-se acrescentar 40% de areia por cova. Nos 30cm de solo reservado, deve-se acrescentar 500g de calcário, quatro a seis pás de esterco bem curtido, 500g de cinzas. A melhor época de plantio é o mês de novembro a dezembro. Após o plantio irrigar com 10 litros de água a cada 15 dias nos primeiros 3 meses.

Cultivando

Não é necessário fazer podas em função do pequeno porte. A planta aprecia cobertura morta em seu pé para manter alguma umidade. É importante fazer capinas periódicas, pois o mato impede o desenvolvimento da planta, principalmente o capim Braquiária que produz toxinas no solo e pode causar a morte da planta. Adubar com composto orgânico.

 

Usos

Frutifica nos meses de fevereiro a maio. Os frutos apesar de serem grandes encerram cerca de 20 a 30% de polpa translúcida, adocicada e refrescante, envolvendo as sementes. O Bacupari pode ser consumido in natura ou na forma de geleias ou sucos refrescantes.  As sementes produzem um óleo amargo de uso medicinal que ainda não foi estudado. Os índios do cerrado usam as raízes picadas em lascas na forma de decocção, bebendo o chá para problemas gástricos e úlceras. A planta não deve faltar em projetos de recuperação do Cerrado, pois ela produz alimento para ave-fauna em geral.

Fonte: http://www.colecionandofrutas.org/tonteleamicrantha.htm