31 de maio de 2023
Vamos começar falando de uma palavra quase em desuso nos dias atuais: utopia. A realidade é tão impactante, a vida anda tão difícil para a maioria, que não nos deixa nem tempo nem espaço para pensar em um mundo ideal, em que equilíbrio ambiental e o bem-estar social sejam vivenciados plenamente. Vivemos um tempo em que não há muito espaço para utopias.
UTOPIA, segundo os dicionários, pode ser entendida como qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fundamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade.
Assim, diante de um cenário mundial em que temos assistido à degradação ambiental acelerada, com queimadas, solos contaminados, oceanos lotados de lixo; ao desequilíbrio climático, que provoca enchentes por um lado e amplia desertos por outro (incluindo os desertos verdes produzidos pelo agronegócio). Isso, sem falar das geleiras derretendo, da Amazônia sendo dizimada diariamente e, principalmente, dos centros urbanos enfrentando a poluição do ar, o calor excessivo e o acúmulo de lixos e de lixões… Diante de tudo isso, como é possível falar de “Lixo Zero”?
Acontece, como veremos aqui, que o Lixo Zero é uma utopia agora, mas é uma condição futura possível e a sua conquista já pode estar em curso. E não há outra fórmula para alcançar essa meta: só depende de nós!
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Sônia Dias, Doutora em Ciências Políticas e
especialista Global em Resíduos Sólidos da WIEGO
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O QUE É O LIXO ZERO?
Lixo Zero é um movimento mundial que propõe como solução diminuir o lixo e gerar uma nova relação com os resíduos produzidos por todos nós. O conceito de Lixo Zero foi estabelecido pela Zero Waste International Alliance – ZWIA para promover alternativas aos aterros e aumentar a conscientização das comunidades sobre a importância e os benefícios de poder reutilizar seus recursos. Entre as inúmeras vantagens do Lixo Zero podemos destacar os benefícios à saúde coletiva, a geração de empregos (com mais justiça social) e a possibilidade de ver surgir soluções inovadoras e novos negócios no mundo inteiro. No Brasil, a ZWIA é representada, desde 2010, pelo Instituto Lixo Zero Brasil.
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Saiba mais sobre a atuação do Instituto Lixo Zero Brasil aqui.
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Pode-se dizer que o lixo zero (ou desperdício zero) é tanto uma meta quanto um plano de ação. Como meta, ele é um movimento ético, econômico, eficiente e visionário. Como plano de ação ele busca orientar e convencer pessoas a mudar seus estilos de vida e seus padrões de consumo, para promover ciclos naturais sustentáveis em que cada material descartado seja projetado para tornar-se recurso para outros produtos e novos usos.
O seu plano geral engloba: a redução de resíduos, a reutilização, a compostagem a reciclagem, as mudanças de hábitos de consumo e um redesenho da produção industrial – são estratégias individuais e coletivas para criar comunidades mais resilientes, para encontrar soluções climáticas, para promover igualdade social e construir ambientes mais saudáveis.
Para alcançar essas metas temos que, de fato, “partir do zero”! Está na origem do ciclo de vida dos produtos de consumo a chave para desenhar um novo ciclo de vida para o planeta. E como não dá para simplesmente desfazer um modelo e começar outro, podemos repensar e agir com o objetivo de preservar os recursos que ainda temos e tentar reorganizar o sentido de “ciclo de vida”. Isso significa que o movimento envolve mudar a perspectiva linear da disposição final do lixo (sem incineradores, sem aterros e sem lixões) para a dimensão da gestão de recursos.
Resumindo: Para o modo (e o mundo) “Lixo Zero”, se um produto não puder ser reutilizado, reparado, reconstruído, restaurado, refinado, revendido, reciclado ou compostado, ele deve ser restrito, redesenhado ou removido (cancelado) da produção. A meta deve ser atingir lixo zero de 90% do desvio dos resíduos sólidos do aterro e ou da incineração, gerando emprego, renda e garantindo a corresponsabilidade socioambiental.
Dito assim parece simples, mas sabemos que não é.
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No Brasil, o Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB) definiu quatro pilares para que esse conceito seja abordado:
refere-se a maneira com que descartamos os resíduos;
refere-se à necessidade de reduzir o lixo que geramos;
refere-se aos materiais que podem ser reutilizados;
reaproveitar toda a matéria-prima do resíduo para nova função.
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Entre a disposição de REPENSAR e a ação de REDUZIR ocorre um salto que gera um novo comportamento individual e social que reflete na maneira como podemos lidar, a partir desse “salto”, com a questão do lixo gerado em nossa casa, em nossa família, em nosso bairro e na cidade. Para REDUZIR é preciso identificar e separar devidamente os tipos de resíduos produzidos em casa, no trabalho ou na rua. Ao separar esses resíduos podemos avaliar as possibilidades e os possíveis destinos para REUTILIZAR esses resíduos. Ao descartar o lixo já selecionado, podemos pelo menos adivinhar o seu destino: se ele é um tipo de material reciclável ou não.
Sim, isso dá trabalho! Acontece que toda mudança exige um tipo de esforço. O que faz a diferença é se todo esse trabalho vai valer a pena ou não.
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Hoje, cerca de 16,5 milhões de pessoas não contam com coleta regular de lixo na porta de casa, ou seja, um em cada doze brasileiros não dispõe desse serviço absolutamente essencial. Os dados são do último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, que tem como base o ano de 2021. Essa publicação é feita anualmente pela ABRELPE – Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
Segundo uma matéria publicada no site do Projeto Colabora sobre esse assunto, apesar de já ter melhorado nos últimos anos, a destinação correta do nosso lixo (em todas as suas variações) continua sendo um grande problema no Brasil. E isso vale para todo mundo: moradias, comércio, indústrias, instituições privadas e públicas.
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Segundo a ABRELPE, pela primeira vez a destinação final ambientalmente adequada de resíduos superou a casa dos 60%, com cerca de 46 milhões de toneladas sendo depositadas em aterros sanitários. Essa é a notícia boa. A ruim é que os outros 40%, 30,3 milhões de toneladas por ano, ainda são lançados em aterros antigos ou lixões a céu aberto. Lixões, aliás, que deveriam ter sido extintos em 2014, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O prazo foi adiado para 2024 e, novamente, e provavelmente NÃO deverá ser cumprido. Essa disposição inadequada dos resíduos afeta, direta ou indiretamente, a saúde de 77,5 milhões de pessoas.
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Segundo nossa pesquisa, atualmente apenas 22 milhões de brasileiros são contemplados por programas municipais de coleta seletiva, o que representa apenas 18% da população e que demonstra uma grande barreira para que a reciclagem seja efetiva no Brasil.
Se a coleta regular e básica já é um serviço deficiente, a coleta seletiva, então, é mais deficiente ainda. E a coleta seletiva, como etapa do processo de reciclagem, é uma etapa fundamental para o movimento do Lixo Zero.
Em Belo Horizonte, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) é a responsável pela elaboração, o controle e a execução de programas e atividades voltados para a limpeza urbana. Criada em 1973, a SLU presta serviços de coleta domiciliar de lixo, varrição, capina, aterramento de resíduos, coleta seletiva, reciclagem de entulho e compostagem, entre outros. No site da PBH está escrito que: “todos os materiais recicláveis recolhidos pela coleta seletiva são destinados às associações ou cooperativas de catadores e trabalhadores com materiais recicláveis, participantes do Fórum Municipal Lixo e Cidadania”.
O último relatório referente à limpeza urbana, publicado pela Prefeitura de Belo Horizonte em seu site, e que traz dados sobre a coleta seletiva na cidade, é de 2020. Assim, não temos dados atualizados para avaliar como vem sendo prestado atualmente o serviço de coleta seletiva na cidade, mas, caso tenha interesse, você pode acessar o site da PBH e conferir se a coleta seletiva está passando na sua porta. Se estiver, comece a separar os resíduos produzidos na sua casa e participe. Já será um bom começo para colaborar com o movimento Lixo Zero em nossa cidade.
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A gestão de resíduos sólidos é uma prática que busca reduzir o volume de resíduos gerados e conscientizar a sociedade como um todo a descartar os materiais de maneira correta, para que possam ser reaproveitados no desenvolvimento de novos produtos. Ou seja, um conjunto de ações que envolve desde a coleta seletiva do material até a sua destinação final. A PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) destaca que as empresas são responsáveis pelo lixo gerado e são obrigadas a incentivar o reaproveitamento, diminuindo, assim, os impactos ambientais.
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A Vina Gestão de Resíduos Sólidos e Locação de Equipamentos é uma empresa mineira que trabalha diretamente com a realidade complexa do lixo urbano. Sua atuação, em Minas e no Brasil, envolve, entre outras ações, a construção, operação e manutenção de aterros sanitários e de transbordo de resíduos urbanos. Além de atuar também em: recuperação de áreas degradadas; triagem e compostagem de resíduos e remediação de lixões.
O Departamento Socioambiental da Vina, vem atuando com ações e parcerias com o objetivo de sensibilizar a equipe e a sociedade para a importância do descarte correto e da reutilização: reutilizando materiais diversos para decoração, utensílios, móveis, campanhas socioambientais e iniciativas que traduzem o permanente compromisso com as comunidades onde atua, praticando, de fato, a corresponsabilidade socioambiental.
Entre os projetos sociais e ambientais, coordenados pelo Departamento Socioambiental da empresa, está a criação de um projeto-piloto de uma Rede de Coleta Seletiva, em parceria com instituições vizinhas – as escolas municipais EMEI Águas Claras, UMEI Petrópolis e EM Presidente Itamar Franco; o Centro de Referência e Assistência Social – CRAS Petrópolis; a VT Ambiental – com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Região Oeste de Belo Horizonte – COOPEMAR (até dezembro de 2022) e, em 2023, com uma nova cooperativa parceira: a COOPERSOLI – BARREIRO. O objetivo principal dessa Rede criada pela Vina, que já funciona desde 2014, é desviar do aterro municipal os materiais recicláveis coletados pelos três parceiros e encaminhá-los para a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis, contribuindo, assim, com o complemento de renda das suas cooperadas e seus cooperados e com a redução do impacto ambiental que seria causado pelo aterramento destes materiais. Entre os resíduos descartados de forma adequada pela Rede de Coleta Seletiva da Vina estão: óleo usados, pneus inservíveis e lixo eletrônico. Além disso, o Departamento Socioambiental realiza um trabalho permanente de conscientização com o seu público interno, promovendo ações de educação ambiental, como a conscientização sobre o desperdício e o descarte inteligente, através de campanhas internas, eventos e a instalação de lixeiras de coleta seletiva. Desde novembro de 2022, a instalação de uma nova composteira deu início uma nova etapa na produção de compostos orgânicos e de um biofertilizante. Isso significa que a Vina vem colaborando com a ampliação da mobilização de pessoas e de grupos que já estão atuando na construção de uma “realidade Lixo Zero”.
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Acesse aqui informações completas sobre a Rede de Coleta Seletiva da Vina (pg 269).
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O sistema de compostagem instalado na Vina era feito a partir de resíduos de capina e roçado da sua Área de Proteção Ambiental. Desde 2022, a partir da ação da REDE de Coleta Seletiva, a empresa passou a compostar também os resíduos orgânicos gerados nas salas de trabalho e no refeitório da Vina.
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Atualmente, com uma nova composteira, são produzidos na empresa tanto o composto orgânico (humus) quanto um biofertilizante. O biofertilizante é doado para a equipe da Vina e é também utilizado na horta mantida na empresa.
Caso queira saber mais sobre as ações da Vina, entre em contato com o Departamento Socioambiental da empresa. Acesse: vinaec.com.br
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Congresso Internacional CIDADES LIXO ZERO
Rede de Embaixadores que abraçam a causa e começam a agir em seus territórios. Cursos preparatórios, informação, conexão, divulgação de iniciativas em todo o Brasil
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Núcleo Lixo Zero – Bom Despacho
Rua Bom Despacho, 205 – Santa Tereza – BH
@nucleoslixozero (Instgram)
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Centro Mineiro de Referência em Resíduo – CMRR
CMMR é uma iniciativa pioneira no Brasil e atua como núcleo irradiador de informações, projetos e parcerias com a finalidade de estimular a reflexão e a ação da cidadania para os desafios da gestão integrada de resíduos.
Rua Belém, 40 – Pompéia – BH
Contatos: 31 38887232 / 31 32777626
SEMAD / www.meioambiente.mg.gov.br
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https://projetocolabora.com.br/ods6/quem-vai-pagar-a-conta-das-guimbas-de-cigarro/
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Entre 2019 e 2021, a reciclagem de latas proporcionou redução de 70% no consumo de energia, 65% no consumo de água e queda de 70% nas emissões de gases de efeito estufa. A reciclagem deste tipo de resíduo é uma referência de Economia Circular no mundo todo, com renovação infinita das embalagens.
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E quem são os verdadeiros campeões nessa história boa?
Os incríveis catadores e as maravilhosas catadoras do Brasil!
Veja abaixo um vídeo que mostra todo o ciclo de coleta e reciclagem de latinhas no Brasil
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Reciclagem de Alumínio – Orgulho Nacional
ReciclaSampa
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“NA NATUREZA NADA SE PERDE, NADA SE CRIA.
TUDO SE TRANSFORMA”!
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